quinta-feira, 20 de março de 2008

Bebida proibida nos estádios do Rio Grande do Sul.

A Assembléia Legislativa do RS decidiu, por 29 votos a 17, proibir a venda e o consumo de bebidas alcoólicas nos estádios e ginásios do estado. A proibição aplica-se às praças com capacidade para mais de 5 mil pessoas e destinadas a eventos de esporte profissional. A proibição já é adotada nos estádios do Mineirão (Minas Gerais), Maracanã (Rio de Janeiro), Pacaembu e Morumbi (São Paulo). Na Europa a proibição é bastante comum, e a FIFA não permite a venda de álcool nos estádios da Copa do Mundo.

É uma forma de diminuir a violência, pelo menos essa é a intenção. Quando Justice Popplewell fez seu relatório sobre a violência nos estádios, o que determinou as ações inglesas contra os hooligans, e se tornou um dos manuais sobre o combate à violência, ele citou o banimento do álcool como uma das formas de prevenção. Mas, o autor também destacou os prejuízos, principalmente financeiros, aos clubes por essa proibição. E agora nós temos que avaliar o custo-benefício de tal medida.

O álcool, apesar de não originar a violência, desempenha um papel importante na sua incitação, despertando sentimentos e retirando o auto-controle. Mas, é uma medida que previne a violência dos vândalos ao estilo hooligans, não tendo tanto efeito naqueles que agem organizadamente em bandos. O facto é que a violência provocada pelos grupos organizados não é causada pelo abuso de álcool, algo muito comum entre os vândalos ingleses. Os grupos organizados agem com sentimento de posse e revolta não advindos do álcool, mas simplesmente do agrupamento e organização do bando.

Acredito que no Brasil, como a violência é causada essencialmente pelas torcidas organizadas, banir o álcool não seria uma solução. Seria, com certeza, um prejuízo enorme para os clubes, que já passam por sérias dificuldades financeiras.

(Os dois últimos parágrafos foram retirados do artigo que escrevi sobre violência de torcidas na Universidade de Coimbra em março de 2007)

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